Qualquer dia tem-se que pagar antes de ser servido. Depois reclamas ao Camões!
É que neste momento no Parlamento do Ontário (Queens' Park) foi apresentada uma proposta dum projecto lei nestes últimos dias pelo deputado do Partido Liberal, Michael Colle. Esta lei com o nome "Jayesh's Law", em memória do malogrado empregado dum posto de reabastecimento de combustível que foi morto, no sábado passado, dia 15, quando tentava apreender um ladrão em fuga, visa acabar duma vez para sempre com os roubos nos postos de abastecimento de combustíveis.
Neste particular caso o larápio, agora procurado por assassinato, após atestar o depósito da sua viatura, no valor de 112.85 dólares, não só não pagou como se pôs de imediato em fuga com a sua viatura enquanto aquele empregado tentava bloquear o carro. Esta acção do empregado não teve êxito como também lhe causou a morte por atropelamento.
Segundo o deputado Michael Colle esta lei irá acabar este tipo de roubo pois os utentes dos postos de abastecimentos terão previamente de processar o pagamento para reabastecer as viaturas. Ao que deduzi da leitura nos jornais locais de língua inglesa, estas cenas de clientes que desaparecem sem pagar após o reabastecimento, está-se a tornar muito corriqueiro. Em contrapartida os donos desses locais de abastecimento estão a obrigar, após os roubos, que os empregados reponham os montantes de que foram lesados que, no meu ponto de vista, é simplesmente ridículo e grosseiro.
Se os proprietários não querem ter prejuízos, e o roubo é um crime qualificado que reverte na baixa do lucro de quem tem as portas abertas ao público, então contratem pessoal especializado em segurança para esses locais (nada de do tipo Rambo) ou até a própria polícia? Não será que a venda de gasolina, ao preço exorbitante dos nossos dias, não lhes dá margem de lucro suficientemente para cobrir esses roubos? Não terão uma apólice seguradora contra roubos como qualquer casa bancária ou local onde se movimenta valores?
Acho uma prepotência dos proprietários, ou patrões neste caso, o forçar os seus empregados que foram sujeitos aos roubos, no reembolso desses montantes. Isto não lembra nem ao diabo! Já não basta o trauma dos empregados que sofreram e enfrentaram a bandidagem alguns até, possivelmente, armados.
Por este andar, e se essa lei passar, que espero que não, ainda iremos chegar ao ponto de quando formos à pastelaria, talho, supermercado, restaurante, oficina de reparação de viaturas, hospital, farmácia ou à bruxa, exigirem-nos de imediato o pagamento antes de sermos servidos ou atendidos. Vai ser bonito vai. Se agora muitas vezes já temos problemas com o que compramos depois, após o comerciante ter a "massinha" na carteira, é um "haver se te avias", e lá vamos passar a vida a correr para o advogado ou para o chamado Tribunal conhecido aqui por "Small Claims Court". E o estimado leitor pensa que valerá a pena chatear-se por uma barra de chocolate, ou um par de cuecas ratadas pelas baratas?
Lá vem o velho ditado - "quem paga adiantado não melhora".
Esta lei ainda não foi votada e por conseguinte ainda não está em vigor.
Mas se ela passar estou mesmo a enxergar que irá ser alargada para todas as compras que o cidadão faça.
Com isto tudo, que lamento, tenho a sensação que os nossos deputados não têm assuntos para preencher o tempo lá pelos gabinetes e até no Parlamento. O caso é que há centenas de leis que deveriam ser estudadas e introduzidas para bem e segurança do cidadão desta Província e outras...são uma perda de tempo.
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